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Luspatercept suplanta eficácia de Epoetina Alfa no tratamento de anemia em Síndrome Mielodisplásica de baixo risco

Neste vídeo, Dr. Breno Gusmão, Médico Hematologista na BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo e CMO da MDHealth e Dr. Fabio Pires, Médico Hematologista do Hospital BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, comentam sobre os dados do estudo COMMANDS que apresenta resultados de análise interina e resultados de avaliação de biomarcadores que fortalecem a eficácia e segurança de luspatercept como agente efetivo na retomada de eritropoiese eficiente e maturação de precursores eritroides. Confira o conteúdo completo.

Escrito por: Guilherme Ferreira de Britto Evangelista

Revisado por: Dálete Barcelos

As síndromes mielodisplásicas (MDS) compreendem um espectro de neoplasias mieloides caracterizadas pela hematopoiese ineficiente de uma ou mais linhagens mieloides com risco de progressão a leucemia mieloide aguda. Pacientes com MDS de baixo risco que demandam transfusão de sangue experienciam, frequentemente, anemia crônica. Nesses casos, recebem agentes estimuladores de eritropoiese (ESA), como eritropoetina (epoetina alfa) no intuito de promover a proliferação de precursores eritroides. No entanto, na prática, o que se observa é que mesmo como terapia padrão, os ESAs apresentam efeito subótimo em muitos pacientes que ou não são elegíeis ou possuem resposta transitória.

O luspatercept, por sua vez, já se encontra aprovado nos EUA e Reino Unido, para tratamento de anemia em MDS de baixo risco após falha aos ESA. Esse fármaco, diferentemente dos ESAs, aumenta a maturação dos precursores eritroides. Uma das necessidades ainda não avaliadas e suprida pelo estudo COMMANDS era a avaliação comparativa entre luspatercept e ESAs em pacientes virgens de tratamento com agentes estimuladores de eritropoiese.

Foram incluídos 178 pacientes no grupo luspatercept e 178 pacientes no grupo epoetina alfa. Esses pacientes apresentavam nível sérico de eritropetina <500U/L e demandavam transfusão sanguínea. Em sua análise interina o endpoint primário do estudo foi a proporção de pacientes que não dependeram de transfusão por 12 ou mais de 12 semanas com um aumento de hemoglobina de >1,5g/dL durante 1-24 semanas. Nesse contexto, comparando luspatercept vs. epoetina alfa, a mediana de duração de tratamento foi de 41,6 meses e 27 semanas, respectivamente, tendo o endpoint primário alcançado em 58,5% vs. 31,2% dos pacientes (p<0,0001), favorecendo a utilização de luspatercept, inclusive com relação à independência de transfusão em 12 semanas ou mais (126,6 vs. 77,0 semanas).

Com relação às toxicidades relacionadas ao tratamento, 92,1% dos pacientes recebendo luspatercept apresentaram algum evento adverso, comparativamente a 85,2% do grupo epoetina alfa, de modo que 4,5% e 2,3% descontinuaram devido às toxicidades. De modo geral, os eventos adversos reportados em luspatercept foram leves a moderados, sem alta severidade e foram manejáveis sem necessidade de descontinuação.

Os resultados apresentados do estudo COMMANDS demonstram superioridade de luspatercept em detrimento de epoetina alfa em pacientes com MDS de baixo risco e virgens de ESA. No entanto, aprofundando no benefício clínico, o estudo ainda conta com avaliação de biomarcadores acessadas por meio de citomorfologia da medula óssea no baseline, 24 e 48 semanas de tratamento, material esse que foi utilizado para contagens celulares, RNA-seq e dosagem de fatores solúveis.

Ao longo do tratamento, pacientes que receberam luspatercept apresentam um maior aumento de precursores eritroides de maneira gradual e sustentada nas semanas 24 (p=0,031) e 48 (p=1,7 e-05) com aumento, também, de reticulócitos que, em pacientes tratados com ESA, não foi observado. Esse resultado indica a capacidade de luspatercept em retomar a eritropoiese efetivamente, o que é corroborado, também, pelo aumento das dosagens de fatores solúveis (ERFE e GDF15). Por meio do sequenciamento de RNA das células mononucleares da medula óssea, observou-se uma regulação positiva de genes envolvidos com precursores eritroides, favoravelmente ao uso de luspatercept, o qual demonstrou regulação negativa de sinalização de TGFβ, apoptose e spliceossomo, indicativos de efeito farmacodinâmico.

De modo geral, as avaliações de benefício clínico são favoráveis ao uso de luspatercept em detrimento dos ESAs, benefícios esses que são confirmados com as avaliações de biomarcadores, demonstrando que o fármaco de interesse é capaz de restaurar efetivamente a maturação eritroide em MDS de baixo risco, permitindo expansão e maturação celular que refletem na sustentação do benefício clínico.

No vídeo, os especialistas comentam de forma detalhada esses resultados e abordam como a prática clínica brasileira pode se beneficiar desses estudos. Vale a pena conferir o conteúdo completo.

Referência:

  1. Li H, Hu F, Gale RP, Sekeres MA, Liang Y. Myelodysplastic syndromes. Nat Rev Dis Primers. 2022.
  2. Della Porta MG, Platzbecker U, Santini V, et al. LUSPATERCEPT VERSUS EPOETIN ALFA FOR TREATMENT (TX) OF ANEMIA IN ESA-NAIVE LOWERRISK MYELODYSPLASTIC SYNDROMES (LR-MDS) PATIENTS (PTS) REQUIRING RBC TRANSFUSIONS: DATA FROM THE PHASE 3 COMMANDS STUDY. EHA 2023.
  3. Platzbecker U, Hayati S, Ahsan A, et al. LUSPATERCEPT RESTORES EFFECTIVE ERYTHROPOIESIS AND PROVIDES SUPERIOR AND SUSTAINED CLINICAL BENEFIT VS EPOETIN ALFA: BIOMARKER ANALYSIS FROM THE PHASE 3 COMMANDS STUDY. EHA 2023.
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