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Tratamento de linfoma de células do manto recidivado ou refratário guiado por doença residual mensurável com protocolo VR² – resultados do VALERIA trial

A combinação de venetoclax, lenalidomida e rituximabe para o tratamento de pacientes com linfoma de células do manto recidivados ou refratários mostrou-se segura, efetiva e promissora neste estudo

Escrito por Germano Glauber de Medeiros Lima

O linfoma de células do manto recidivado ou refratário (LCM R/R) é frequentemente associado a resultados ruins. Apesar das melhorias no tratamento a maioria dos pacientes eventualmente recai. A escolha da terapia de resgate depende da eficácia das linhas anteriores de tratamento, que podem incluir quimioimunoterapia, inibidores de BTK (iBTKs) e terapia com células CAR-T. Outros agentes com atividade no LCM R/R são o bortezomibe, temsirolimus, lenalidomida (LEN) e venetoclax (VEN).

Neste estudo multicêntrico de fase 1b/2, foi avaliada a segurança e a eficácia do regime VR² (venetoclax, lenalidomida e rituximabe) guiado por doença residual mínima (DRM) em LCM R/R, e foi explorada a viabilidade da suspensão do tratamento quando paciente estivesse em remissão molecular.

O desfecho primário do estudo foi a taxa de resposta geral (ORR) aos 6 meses. A dose recomendada de fase 2 foi de lenalidomida 20 mg diariamente (dias 1 a 21), venetoclax 600 mg por dia após “ramp-up” e rituximabe 375 mg/m² semanalmente por 4 semanas e depois a cada 8 semanas. O monitoramento de DRM por PCR foi realizado a cada 3 meses. Quando era atingida a negatividade de DRM no sangue o tratamento era continuado por mais 3 meses; se a negatividade de DRM fosse então confirmada, o tratamento era interrompido.

Foram incluídos 59 pacientes, com idade média de 73 anos. Aos 6 meses, a ORR foi de 63% (29 em remissão completa [CR], 8 em remissão parcial [PR]) e 40% (4 CR, 2 PR) para pacientes com uso prévio de iBTKs. A mediana de sobrevida livre de progressão (PFS) foi de 21 meses, com sobrevida global mediana de 31 meses. Mutação do TP53 foi associada com PFS inferior (P < 0,01).

No geral, 28 pacientes (48%) descontinuaram o tratamento em remissão molecular e 25 permanecem com DRM negativa após uma mediana de 17,4 meses de seguimento. A toxicidade hematológica foi frequente, com 52 de 59 (88%) pacientes apresentando neutropenia G3-4 e 21 de 59 (36%) pacientes com trombocitopenia G3-4.

Neste estudo, a despeito de não ter atingido seu desfecho primário, foi observado que o trio de VEN, rituximabe e LEN (VEN-R²) é uma combinação ativa em MCL R/R, e que quando é realizada uma abordagem de suspensão do mesmo por DRM este torna-se um regime viável, tolerável e eficaz.

Os autores do trabalho concluem que o regime venetoclax-R² é viável, tolerável e mostra eficácia em MCL R/R, mesmo após falha com iBTKs. No entanto, são necessários estudos mais robustos para a incorporação desse regime na prática clínica. 

Referência: 

  1. Jerkeman, M., Kolstad, A., Hutchings, M., Pasanen, A., Meriranta, L., Niemann, C. U., Kragh Jørgensen, R. R., El-Galaly, T. C., Riise, J., Leppä, S., Christensen, J. H., Sonnevi, K., Pedersen, L. B., Wader, K. F., & Glimelius, I. (2024). MRD-driven treatment with venetoclax-R2 in mantle cell lymphoma: the Nordic Lymphoma Group MCL7 VALERIA trial. Blood advances, 8(2), 407–415. https://doi.org/10.1182/bloodadvances.2023011920
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