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Lisocabtagene maraleucel como terapia de segunda linha para linfoma de grandes células B. Veja análise primária do estudo TRANSFORM de fase 3

O estudo global de fase 3 — TRANSFORM, investigou a eficácia e segurança da terapia de segunda linha com lisocabtagene maraleucel (liso-cel) vs terapia padrão para o tratamento de Linfoma de Grandes Células B (LGCB) em pacientes refratários ou recidivados

Escrito por Andréia Ávila Soares de Oliveira 

O tratamento de segunda linha padrão da LGCB refratária ou recidivante envolve imunoquimioterapia, quimioterapia e transplante autólogo de células-tronco. Porém, muitos pacientes são insensíveis à quimioterapia, o que resulta em uma taxa de cura menor que 30%.  O liso-cel consiste em células T CD4+ e CD8+ autólogas e modificadas para expressar o receptor de antígeno quimérico (CAR) anti-CD-19, um antígeno presente na superfície de células B. A terapia com infusão de liso-cel se mostrou superior à terapia padrão após acompanhamento médio de 6,2 meses, de acordo com dados prévios do TRANSFORM

Nesse sentido, o referido estudo randomizou 184 pacientes adultos (18 a 75 anos) com LGCB refratários primários ou recidivados precoces (≤ 12 meses) após terapia de primeira linha (anticorpos anti-CD20 e quimioterapia a base de antraciclina) para receberem quimioterapia de linfodepleção (fludarabine-ciclofosfamida), seguida de infusão de liso-cel (100 x 106 células T CAR+) (89 pacientes) e terapia ponte (58 pacientes). Já como terapia padrão, os pacientes (92) receberam 3 ciclos de imunoquimioterapia (rituximabe-dexametasona-citarabina-cisplatina ou rituximabe-ifosfamida-carboplatina-etoposídeo ou rituximabe-gencitabina-dexametasona-cisplatina) e quimioterapia de alta dose (carmustina-etoposídeo-citarabina-melfalano) seguida de transplante autólogo de células-tronco, apenas para pacientes que atingiram resposta completa (RC) ou parcial à imunoquimioterapia (43 pacientes). Neste grupo, uma terceira linha de tratamento com infusão de liso-cel foi conduzida em pacientes com ausência de RC ou que apresentaram progressão da doença. 

No grupo de pacientes tratados com liso-cel, a mediana da sobrevida livre de eventos (SLE) não foi atingida dentro do período de estudo, enquanto na terapia padrão, a SLE foi de 2,4 meses. Já no 18° mês, a SLE foi significativamente maior no grupo de liso-cel (52,6%) quando comparada à terapia padrão (20,8%). Dentre os desfechos secundários, a terapia com liso-cel resultou em maior taxa de pacientes que atingiram RC (74% vs 43% no grupo que recebeu terapia padrão), além de prolongar o tempo de RC (mediana não atingida vs 9,3 meses na terapia padrão). A mediana das taxas de sobrevida livre de progressão (SLP) e sobrevida global (SG) também não foram atingidas nos pacientes que receberam liso-cel. Já na terapia padrão, a SLP e SG medianas foram de 6,2 meses e 29,9 meses, respectivamente. Em 18 meses, taxas de SLP de 58,2% e 28,8 foram atingidas respectivamente nos grupos de pacientes tratados com liso-cel e terapia padrão, enquanto a SG foi de 73,1% na terapia com liso-cel e 60,6% no tratamento convencional. 28 mortes foram relatadas no grupo tratado com liso-cel e 38 mortes no grupo submetido à terapia padrão, sendo que a causa mais frequente foi a ocorrência de progressão da doença. 

De forma geral, a análise de segurança demonstrou que, embora mais da metade dos pacientes de ambos os tratamentos tenham apresentado efeitos adversos (EAs) como neutropenia, anemia, trombocitopenia e náuseas, os pacientes tratados com liso-cel demonstraram tolerância favorável, apresentando ocorrências mínimas de síndrome de liberação de citocinas e eventos neurológicos, todos de grau ≥3.  

De acordo com os autores, os resultados desse estudo endossam a utilização do liso-cel como uma opção de preferência para o tratamento de segunda linha em pacientes com LCGB refratários ou recidivados, visto que a terapia com células T CAR+ apresentou eficácia superior quando comparada à terapia padrão disponível atualmente. 

Referências: 

1) Abramson JS, Solomon SR, Arnason J, et al. Lisocabtagene maraleucel as second-line therapy for large B-cell lymphoma: primary analysis of the phase 3 TRANSFORM study. Blood. 2023; 141(14):1675-1684. doi:10.1182/blood.2022018730 

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