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Estudo LYSA: análise do uso de rituximabe subcutâneo para o tratamento em primeira linha do linfoma folicular de baixa carga tumoral

A análise dos resultados do estudo clínico de fase III LYSA demonstram que a exposição ao rituximabe durante os primeiros 3 meses de tratamento do linfoma folicular de baixa carga tumoral está associada ao ganho de sobrevida livre de progressão

Escrito por: Bárbara Yasmin Garcia Andrade

Revisado por: Paulo Henrique Cavalcanti

O linfoma folicular de baixa carga tumoral (LTB-FL) é um subtipo de linfoma não-Hodgkin (NHL) de células B caracterizado por uma progressão lenta e indolente, sendo o segundo linfoma mais comum diagnosticado nos Estados Unidos e na Europa Ocidental. O tratamento dessa neoplasia ainda não é um consenso na comunidade hematológica e algumas das estratégias envolvem a abstenção terapêutica com observação dinâmica, o que muitas vezes gera desconforto em pacientes e médicos. 

Diante disso, estudos que buscam avaliar o uso do rituximabe no tratamento do linfoma folicular (LF) assintomático e disseminado demonstraram que, após um longo acompanhamento, a monoterapia com rituximabe não apresentou efeitos colaterais significativos e promoveu o aumento da sobrevida livre de progressão (SLP) e o tempo até o próximo tratamento (TTNT), mas sem impactar na sobrevida global (SG). Contudo, a manutenção prolongada do rituximabe causa preocupação sobre o uso de recursos e adesão dos pacientes.

O estudo LYSA teve como objetivo investigar o uso de rituximabe de manutenção curta por via subcutânea (SC) em pacientes com LF de baixa carga tumoral. O estudo randomizado de fase III, publicado recentemente no Journal of Clinical Oncology, contou com a participação de 202 pacientes com LF CD20+ com baixa carga tumoral, confirmada histologicamente. Os pacientes foram designados aleatoriamente para receber 375 mg/m2 de rituximabe uma vez ao dia em D1, D8, D15 e D22, via intravenosa (IV, n = 102) ou 375 mg /m2 de rituximabe no dia 1 (D1) IV, seguido de dose total de 1.400 mg de rituximabe SC uma vez ao dia no D8, D15 e D22, com manutenção nos meses 3 (M3), M5, M7 e M9 (n = 100). O endpoint primário avaliado no estudo foi SLP, e os desfechos secundários incluíram segurança, taxas de resposta geral, TTNT e SG.

Os resultados mostraram que o endpoint primário foi alcançado, com SLP de 4 anos de 58,1% (IC95% 47,5 – 67,4) e 41,2% (IC95% 30,6 – 51,6) nos braços experimental e controle, respectivamente (HR: 0,585 [0,393 – 0,871]; P = 0,0076). As taxas de resposta completa (RC) foram de 59,0% (IC95% 48,7 – 68,7) no braço 

experimental e 36,3% (IC95% 27,0 – 46,4) no braço de controle (P = 0,001). Os dados de TTNT e SG não apresentaram diferença estatisticamente significativa, e a RC foi associada com mais SLP e TTNT.

Sendo assim, os autores concluem que a manutenção curta usando rituximabe subcutâneo aumentou a sobrevida livre de progressão e a taxa de resposta completa em comparação com a indução com rituximabe padrão em pacientes com linfoma folicular de baixa carga tumoral. No entanto, a exposição ao rituximabe observada nos primeiros três meses, significativamente maior no braço de rituximabe SC, foi independentemente associada a RC, SLP e tempo para o próximo tratamento, sugerindo que a manutenção curta de rituximabe apresenta pouco impacto nos resultados no contexto de uso de rituximabe SC durante a indução.

Referência: 

1 – CARTRON, Guillaume et al. Randomized Phase III Trial Evaluating Subcutaneous Rituximab for the First-Line Treatment of Low–Tumor Burden Follicular Lymphoma: Results of a LYSA Study. Journal of Clinical Oncology, p. JCO. 22.02327, 2023.

2 – CARTRON, Guillaume; TROTMAN, Judith. Time for an individualized approach to first-line management of follicular lymphoma. haematologica, v. 107, n. 1, p. 7, 2022.

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