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MagnetisMM-3: elranatamabe para o tratamento de pacientes com mieloma múltiplo refratário/recidivado

O estudo trouxe resultados promissores mesmo com a modificação do regime de tratamento, sugerindo que a administração do elranatamabe pode ser realizada em intervalos maiores

Escrito por: Flávio Pignataro Oshiro

Revisado por: Dálete Barcelos 

O estudo MagnetisMM-3 é um ensaio open-label, multicêntrico, de fase II que avalia a eficácia e segurança da monoterapia com o anticorpo elranatamabe para pacientes com Mieloma Múltiplo Recidivado/Refratário (RRMM). Esse anticorpo biespecífico é capaz de detectar o antígeno de maturação das células B (BCMA), frequentemente encontrado em células malignas do mieloma múltiplo, e também a proteína CD3, presente em células T de forma geral. No presente estudo foram avaliados os resultados dos dados clínicos do acompanhamento de um ano dos pacientes que eram virgens de tratamentos direcionados ao BCMA.

Para tanto, foram recrutados pacientes refratários a pelo menos uma terapia com inibidores de proteassoma, uma droga imunomodulatória, e um anticorpo anti-CD38. Os pacientes receberam elranatamabe subcutâneo em ciclos de 28 dias, com doses progressivas de 12mg a 32mg, seguidas de doses de 76mg a partir do oitavo dia do primeiro ciclo. Pacientes tratados por seis ciclos que atingiram resposta parcial ou melhor, persistindo por dois ou mais meses, passaram a receber 76mg da droga de forma quinzenal. O total de pacientes no tratamento quinzenal foi de 46 para as avaliações de eficácia, e 58 para as avaliações de segurança.

No total, 123 pacientes receberam elranatamabe. A mediana de idade foi de 68 anos, variando de 36 a 89 anos, sendo que 63,4% apresentaram escore de desempenho ECOG igual ou superior a um, tendo passado por uma mediana de cinco terapias prévias. Grande parte dos pacientes apresentava doença refratária para três (96,7%) ou cinco (42,3%) classes de drogas. A mediana de acompanhamento foi de 12,8 meses, e 34,1% dos pacientes permaneceram em tratamento. A razão para a interrupção dos tratamentos, na maioria dos casos, foi a progressão da doença (39%) ou em decorrência de eventos adversos (13,8%).

Os principais resultados incluem:

  • Taxa de resposta objetiva (avaliada de forma cega por revisores independentes): 61% (IC95: 51,8 a 69,6%), sendo que 39 (31,7%) dos pacientes apresentando resposta completa, ou resposta completa rigorosa; 
  • Resposta parcial muito boa e resposta parcial: Alcançadas em 29 (23,6%) e sete (5,7%) dos pacientes, respectivamente; 
  • Doença medular residual negativa: Alcançada em 92% (23 de 25) dos pacientes;
  • Mediana de duração da resposta: Não foi alcançada (IC95: 12,9 a Não-estimável);
  • Taxa de resposta durável após 12 meses de tratamento: 74,1% (IC95: 60,5 a 83,6%);
  • A mediana de sobrevida livre de progressão e a sobrevida global não foram alcançadas em doze meses, sendo que as respectivas taxas em doze meses foram de 57,1% (IC95: 47,2 a 65,9%) e 62% (52,8 a 70%);
  • Em pacientes com resposta completa (rigorosa ou não) ou resposta completa muito boa, a mediana de duração da resposta não foi alcançada após doze meses; já em pacientes com resposta parcial, a mediana de duração da resposta foi de 5,2 meses (IC95: 1,6 a Não-estimável); 
  • Dentre os 46 pacientes respondedores que passaram do tratamento semanal para o quinzenal, 80,4% mantiveram ou melhoraram suas respostas na avaliação pós 24 semanas. 

Quanto aos eventos adversos, os mais comuns de graus três e quatro foram de natureza hematológica; dentre os eventos adversos de outras naturezas reportados em 5% ou mais dos pacientes, os mais comuns foram pneumonia associada à COVID-19 (10,6%), hipocalcemia (9,8%), pneumonia (7,3%), sepse (6,5%), hipertensão (6,5%), aumento em ALT (5,7%), e aumento nos diagnósticos positivos de infecção por SARS-CoV-2 (5,7%). Entre os pacientes que mudaram para a dose quinzenal, a incidência de eventos adversos de graus três ou quatro reduziu em mais de 10%.

Portanto, o elranatamabe continuou apresentando boa eficácia e tolerância em pacientes com mieloma múltiplo refratário/recidivado após um ano de acompanhamento. Os dados atualizados da mediana de aproximadamente quinze meses de tratamento, o período mais longo de todos os estudos de fase II com anticorpos biespecíficos para BCMA-CD3, serão apresentados. Esses resultados suportam o desenvolvimento continuado do elranatamabe tanto como monoterapia e em combinação com tratamentos-padrão ou novas terapias específicas para o tratamento de pacientes com mieloma múltiplo.

Referência: Mohty et. al, 2023. ELRANATAMAB, A B-CELL MATURATION ANTIGEN (BCMA)-CD3 BISPECIFIC ANTIBODY, FOR PATIENTS WITH RELAPSED/REFRACTORY MULTIPLE MYELOMA: EXTENDED FOLLOW UP AND BIWEEKLY ADMINISTRATION FROM MAGNETISMM-3. Apresentado no congresso da European Association of Hematology, em 2023. Informações do Ensaio Clínico: NCT04649359.

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