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Combinação de Daratumumabe, Bortezomibe e Dexametasona no mieloma múltiplo previamente tratado

A adição do Daratumumabe é realmente válida nessa população? Huang e colaboradores discutem sobre o benefício do uso do Daratumumabe em pacientes com mieloma múltiplo, levando em consideração o estudo CASTOR, anteriormente realizado por Sonneveld e colaboradores.

Daratumumabe é um anticorpo monoclonal IgGk que tem como alvo o antígeno CD38, presente nas células cancerígenas do mieloma múltiplo. Estudos anteriores reportaram melhora na sobrevida de pacientes com mieloma múltiplo recém diagnosticado e recidivado ou refratário com o uso do daratumumabe.

O estudo CASTOR, realizado por Sonneveld e colaboradores, mostrou que o uso de daratumumabe em combinação com bortezomibe e dexametasona (D-Vd) aumentou significativamente a sobrevida geral de pacientes com mieloma múltiplo recidivado ou refratário, em relação a apenas bortezomibe e dexametasona (Vd). Apesar dos resultados animadores, Huang e colaboradores ressaltam três grandes pontos que devem ser analisados mais a fundo a respeito desse estudo.

O primeiro ponto levantado é em relação ao bortezomibe, agente incluso na combinação tanto no grupo experimental quanto no controle. O ensaio define que pacientes refratários ao bortezomibe ou outro inibidor de proteassoma não são elegíveis ao estudo, porém não fica claro como é definida esta refratariedade, já que pacientes previamente tratados com bortezomibe também foram incluídos no estudo. A definição clara do conceito é primordial para guiar os profissionais na seleção de pacientes elegíveis ao tratamento.

Outra questão levantada é a análise de subgrupos. Apesar do resultado positivo da combinação D-Vd, a análise de subgrupos revelou melhora na sobrevida apenas de pacientes com uma linha anterior de tratamento, enquanto nos grupos com mais de uma linha anterior não foram encontradas diferenças significativas. Consequentemente, a combinação D-Vd pode não ser a melhor escolha nessa população.

Por fim, as análises primárias do estudo CASTOR mostraram uma maior sobrevida livre de progressão com a combinação D-Vd em pacientes que receberam ou não tratamento prévio com bortezomibe. Entretanto, a análise de sobrevida geral mostrou vantagem no uso de D-Vd apenas em pacientes que não foram previamente tratados com bortezomibe. Isso mostra que o tratamento prévio com bortezomibe também é um aspecto importante de não elegibilidade, pois pode impactar na sobrevida geral dos pacientes.

A análise de Huang e colaboradores ressaltou pontos importantes a respeito da metodologia e resultados do estudo CASTOR. Essas questões devem ser levadas em consideração na recomendação e tratamento com o esquema D-vd em pacientes com mieloma múltiplo recidivado ou refratário, com o objetivo de gerar o melhor resultado para esses pacientes.

Referências: 

  • Huang SX, Luo PH, Wang HL, et al. Daratumumab, Bortezomib, and Dexamethasone for Previously Treated Multiple Myeloma. J Clin Oncol. 2023 Mar 20:JCO2202665. 
  • Sonneveld P, Chanan-Khan A, Weisel K, et al. Overall Survival With Daratumumab, Bortezomib, and Dexamethasone in Previously Treated Multiple Myeloma (CASTOR): A Randomized, Open-Label, Phase III Trial. J Clin Oncol. 2023 Mar 10;41(8):1600-1609.
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