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CASTOR: Avaliação final de sobrevida global em pacientes com MM refratário/recidivado tratados com daratumumabe combinado a bortezomibe e dexametasona

Resultados finais do estudo CASTOR trazem destaque para o ganho de sobrevida global em regime com duratumumabe em mieloma múltiplo refratário ou recidivado, especialmente em pacientes já tratados com uma linha anterior

Escrito por: Guilherme Ferreira de Britto Evangelista

Revisado por: Paulo Henrique Cavalcanti

O mieloma múltiplo (MM) compreende uma malignidade hematológica caracterizada pela presença de clones anormais de plasmócitos na medula óssea. Essa neoplasia é associada com disfunções em órgãos como lesões ósseas, anemia, insuficiência renal e hipercalcemia. Em doença recidivada/refratária, o uso de inibidores de proteassoma como o bortezomibe, associado a glicocorticoides como a dexametasona, foi por um tempo a terapia padrão. No entanto, ainda que esse regime tenha contribuído com ganho de sobrevida, praticamente todos os pacientes apresentam recorrência a essa terapia, sendo uma necessidade clínica a melhora do prognóstico mediante tratamentos que reduzam a taxa de recorrência e prolonguem a sobrevida.

Frente a essa demanda, o estudo clínico de fase III, randomizado e open-label, CASTOR, avalia a eficácia e segurança da inserção do Daratumumabe, anticorpo monoclonal anti-CD38 capaz de induzir uma importante citotoxicidade, no contexto de MM previamente tratado. Esse fármaco fora aprovado em combinação com o standard-of-care (SOC) no tratamento de pacientes com newly diagnosed MM (NDMM) e relapsed or refractory MM (RRMM), no qual reduziu significativamente o risco de progressão da doença ou morte, além de induzir respostas profundas e duradouras. 

Em análises primárias do estudo CASTOR, com mediana de follow-up de 7,4 meses, a combinação duratumumabe + bortezomibe + dexametasona (D-Vd) prolongou significativamente a sobrevida livre de progressão (SLP) em comparação ao bortezomibe + dexametasona (Vd) em MM refratário ou recidivado. Publicado no Journal of Clinical Oncology (2023), o estudo apresenta seus resultados de análise final de sobrevida global (SG) após aproximadamente 6 anos de follow-up.

O estudo CASTOR incluiu 498 pacientes randomizados em D-Vd (n=251) e Vd 

(n=247) diagnosticados com RRMM e tratados anteriormente com ao menos uma linha de terapia. A mediana de follow-up do estudo foi de 72,6 meses (0.0-79,8) período esse que foi suficiente para demonstrar benefício significativo de ganho de sobrevida global em D-Vd (HR = 0,74; 95% CI: 0,59-0,92; p=0,0075), tendo a mediana de SG de 49,6 meses vs. 38,5 em Vd. Com relação às analises em subgrupos, os benefícios de D-Vd se mantiveram na maioria dos subgrupos, incluindo pacientes acima dos 65 anos, pacientes com uma ou duas linhas anteriores, estadiamento III, alto risco citogenético ou tratamento prévio com Bortezomibe. Com relação às toxicidades, os eventos adversos relacionados ao tratamento G3/G4 mais frequentes foram trombocitopenia (D-Vd: 46,1% vs. Vd: 32,9%), anemia (16,0% vs. 16,0%), neutropenia (13,6% vs. 4,6%), linfopenia (10,3% vs. 2,5%) e pneumonia (10,7% vs. 10,1%).

Os resultados de longo-prazo do estudo CASTOR demonstram que a inserção de Daratumumabe ao SOC prolonga significativamente a sobrevida global em pacientes com MM relapsado/refratário, com benefício ainda mais evidenciado em pacientes com uma linha de tratamento anterior.

Referência:

  1. Cowan AJ, Green DJ, Kwok M, et al. Diagnosis and Management of Multiple Myeloma: A Review. JAMA. 2022.
  1. Palumbo A, Chanan-Khan A, Weisel K, et al. Daratumumab, Bortezomib, and Dexamethasone for Multiple Myeloma. N Engl J Med. 2016.
  1. Sonneveld P, Chanan-Khan A, Weisel K, et al. Overall Survival With Daratumumab, Bortezomib, and Dexamethasone in Previously Treated Multiple Myeloma (CASTOR): A Randomized, Open-Label, Phase III Trial. J Clin Oncol. 2023. 
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