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Superioridade sustentada do asciminib sobre o bosutinib em leucemia mieloide crônica em fase crônica após quase 4 anos de seguimento

Asciminib demonstra eficácia superior e perfil de segurança mais favorável em pacientes com LMC-FC pré-tratados com múltiplos inibidores de tirosina quinase

Escrito por: Germano Glauber de Medeiros Lima

A leucemia mieloide crônica em fase crônica (LMC-FC) é uma doença oncológica que se tornou uma condição crônica manejável graças ao desenvolvimento dos inibidores de tirosina quinase (ITKs). No entanto, uma parcela significativa dos pacientes desenvolve resistência ou intolerância a terapias sequenciais, resultando em opções limitadas de tratamento e piores desfechos clínicos. A busca por alternativas eficazes e seguras para essa população de terceira linha ou posterior é, portanto, uma necessidade clínica não atendida.

O estudo ASCEMBL foi concebido para comparar a eficácia e a segurança do asciminib – primeiro inibidor da mirostilpocket de BCR::ABL1 – com as do bosutinib, um ITK convencional, em pacientes com LMC-FC previamente tratados com dois ou mais ITKs. Os objetivos deste trabalho foram avaliar a superioridade do asciminib em análises de longo prazo (até 156 semanas) e caracterizar seu perfil de segurança e tolerabilidade com um seguimento estendido de quase quatro anos.

O ASCEMBL (NCT03106779) foi um ensaio de fase 3, aberto, ativo-controlado e multicêntrico. Pacientes com LMC-FC após falha ou intolerância a ≥2 ITKs anteriores foram randomizados (2:1) para receber asciminib (40 mg duas vezes ao dia) ou bosutinib (500 mg uma vez ao dia). A randomização foi estratificada pela resposta citogenética maior basal. O desfecho primário foi a taxa de resposta molecular maior (RMM; BCR::ABL1^IS ≤ 0,1%) na semana 24. Esta análise de final de estudo (FES) reporta dados com mediana de seguimento de 3,7 anos, incluindo, pela primeira vez, resultados de pacientes que, por falta de eficácia, trocaram do bosutinib para o asciminib durante o estudo.

Resultados e Discussão

Após quase quatro anos de seguimento, o asciminib manteve uma eficácia significativamente superior à do bosutinib. Na semana 156, a taxa de RMM foi de 33,8% com asciminib, contra 10,5% com bosutinib (diferença ajustada: 23,2%; IC 95%: 13,14–33,18; P < 0,001). As respostas foram duradouras, com a maioria dos pacientes que atingiram RMM mantendo-a na última avaliação. O asciminib também foi superior na obtenção de respostas moleculares mais profundas (MR⁴ e MR⁴.⁵) e na taxa de BCR::ABL1^IS ≤1%. Notavelmente, o asciminib exibiu um perfil de segurança mais favorável, com incidências menores de eventos adversos (EAs) graves (59,6% vs. 68,4%) e de EAs que levaram à descontinuação do tratamento (8,3% vs. 27,6%). Os EAs mais frequentes com asciminib foram hematológicos (trombocitopenia e neutropenia), enquanto o bosutinib apresentou maior toxicidade gastrointestinal e hepatotoxicidade.

A análise dos pacientes que trocaram do bosutinib para o asciminib devido à falta de eficácia revelou respostas limitadas, com apenas 8% atingindo RMM. Isto sugere que a incorporação mais precoce do asciminib no esquema terapêutico, antes do

esgotamento das opções e do acúmulo de mecanismos de resistência, pode ser mais benéfica. A baixa taxa de surgimento de novas mutações sob asciminib e a manutenção da eficácia e segurança ao longo do tempo reforçam seu papel diferenciado. Os dados de sobrevida global e livre de progressão foram similares entre os grupos, possivelmente impactados pelo desenho do estudo que permitiu a troca de braço.

Conclusão

Os resultados de longo prazo do estudo ASCEMBL solidificam o asciminib como uma opção terapêutica superior ao bosutinib para pacientes com LMC-FC em terceira linha ou posterior. A terapia com asciminib proporciona eficácia sustentada e significativamente maior, associada a um perfil de segurança e tolerabilidade mais favorável, com menor taxa de descontinuações. Estes achados suportam a adoção do asciminib como padrão de cuidado para pacientes com LMC-FC resistente ou intolerante a ITKs prévios, destacando o potencial benefício de sua utilização mais precoce no curso da doença.

Referência:

  1. Mauro MJ, Minami Y, Hochhaus A, et al. Asciminib remained superior vs bosutinib in late-line CML-CP after nearly 4 years of follow-up in ASCEMBL. Blood Adv. 2025;9(16):4248-4259. doi:10.1182/bloodadvances.2025016042
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