Prevalência de eventos de aloimunização em pacientes com talassemia no sistema de sangue Rhesus

Aloimunização é comum em pacientes talassêmicos submetidos a transfusões repetidas, destacando a necessidade de medidas preventivas

Escrito por: Germano Glauber de Medeiros Lima  

A talassemia é uma hemoglobinopatia hereditária que frequentemente requer transfusões sanguíneas regulares para o manejo das complicações associadas à doença. Contudo, a transfusão repetida de glóbulos vermelhos pode levar à aloimunização, um fenômeno em que o sistema imunológico do paciente desenvolve anticorpos contra antígenos do grupo sanguíneo do doador, particularmente no sistema Rhesus. Este evento pode complicar ainda mais a gestão da talassemia e aumentar o risco de reações transfusionais adversas.

Estudos anteriores sugerem que a prevalência de aloimunização em pacientes talassêmicos pode ser elevada, o que torna crucial a compreensão deste fenômeno para otimizar as estratégias de transfusão. Desta forma, a presente revisão sistemática e meta-análise visa quantificar a prevalência de eventos de aloimunização entre pacientes com talassemia tratados com transfusões repetidas e identificar fatores que possam intervir neste desfecho.

A pesquisa envolveu uma revisão sistemática da literatura, onde foram incluídos estudos observacionais que reportaram a prevalência de aloimunização em pacientes com talassemia submetidos a transfusões repetidas dentro do sistema Rhesus. O objetivo do estudo foi determinar a taxa de aloimunização e analisar variáveis associadas a esse fenômeno. A análise envolveu a extração de dados relevantes de cada estudo selecionado e a utilização de métodos estatísticos para calcular o pooled prevalence, bem como a realização de análises de subgrupos para identificar fatores de risco.

Os achados evidenciaram uma prevalência global de aloimunização de aproximadamente 30% entre os pacientes com talassemia que receberam transfusões repetidas, com variações significativas entre os diferentes estudos analisados. Além disso, a meta-análise revelou que fatores como o número de transfusões, a presença de múltiplos antígenos Rhesus e a idade do paciente estavam associados a taxas mais elevadas de aloimunização. Essa informação sugere que a exposição prolongada e múltipla a unidades de sangue pode aumentar o risco imunológico nos pacientes.

Por outro lado, parâmetros como a pré-transfusão de tipagem sorológica e a utilização de produtos de sangue compatíveis mostraram potencial para reduzir a incidência de aloimunização. A análise de subgrupos destacou que pacientes tratados com transfusões regulares em centros especializados apresentaram uma prevalência significativamente mais baixa, indicando a importância de práticas de transfusão seguras.

Em conclusão, a alta prevalência de aloimunização entre pacientes talassêmicos submetidos a transfusões repetidas no sistema Rhesus evidencia a necessidade crítica de protocolos de transfusão mais rigorosos e a implementação de estratégias de prevenção personalizadas, como a seleção cuidadosa de doadores e a triagem sorológica antes das transfusões. O conhecimento dos fatores de risco associados à aloimunização também permite uma abordagem mais proativa na gestão da talassemia, contribuindo para a segurança do paciente e melhores desfechos clínicos ao longo da terapia transfusional. Futuros estudos devem focar na implementação de intervenções e protocolos que possam reduzir essa taxa de aloimunização e melhorar a segurança transfusional.Parte superior do formulário

Referência:

1) Indriani V, Mulyono B, Triyono T, Handayaningsih AE, Chandra LA. Prevalence of Alloimmunization Events in Thalassemia Patients With Repeated Transfusions in the Rhesus Blood Group System: A Systematic Review and Meta Analysis. J Clin Med Res. 2025;17(2):106-118. doi:10.14740/jocmr6142