Polatuzumabe vedotina, venetoclax e um anticorpo monoclonal anti-CD20 em linfomas não-Hodgkin de células B recidivados/refratários – estudo de fase 2
Estudo de fase 2 mostra que polatuzumabe vedotina associado à venetoclax e obinutuzumabe/rituximabe foi um protocolo com segurança aceitável e respostas promissoras em pacientes com linfoma folicular ou difuso recidivados/refratários, incluindo pacientes de alto risco
Escrito por: Germano Glauber de Medeiros Lima
O linfoma folicular (LF) em estágio avançado apresenta recidivas recorrentes e é incurável com tratamentos padrão. Já o linfoma difuso de grandes células B (LDGCB), embora potencialmente curável com tratamento inicial à base de quimioimunoterapia, apresenta-se como doença recidivada/refratária (R/R) em 40% dos pacientes. Portanto, novas opções de tratamento com maior eficácia e segurança são necessárias para esses subtipos de linfoma não-Hodgkin (LNH) de células B.
Com base no mecanismo de ação de cada agente, foi levantada a hipótese de que polatuzumabe vedotina, venetoclax e um agente anti-CD20 podem fornecer eficácia clinicamente significativa em LNH R/R, visando múltiplos mecanismos de resistência da doença (dada a heterogeneidade genômica dos linfomas de células B). Este estudo de fase 2 avaliou a segurança e eficácia do polatuzumab vedotin 1,8 mg/kg, venetoclax 800 mg e dose fixa de obinutuzumabe 1000 mg ou rituximabe 375 mg/m2 em pacientes com LF ou LDGCB R/R, respectivamente.
Pacientes em resposta completa (CR) ou resposta parcial (RP)/doença estável no final da indução (seis ciclos de 21 dias) receberam terapia pós-indução com venetoclax e obinutuzumabe ou rituximabe. O endpoint primário foi a taxa de RC no final da indução.
A avaliação de segurança incluiu 74 pacientes (coorte LF; idade mediana 64 anos; progressão da doença dentro 24 meses em tratamento de primeira linha, 25,7%; Índice Prognóstico Internacional FL 3–5, 54,1%; ≥2 terapias anteriores, 74,3%) e 57 pacientes (coorte LDGCB; idade mediana 65 anos; Índice Prognóstico Internacional 3–5, 54,4%; ≥2 terapias anteriores, 77,2%).
Os eventos adversos não hematológicos mais comuns (principalmente Graus 1–2) em LF e LDGCB foram diarreia (55,4% e 47,4%, respectivamente) e náuseas (47,3% e 36,8%); neutropenia foi a toxicidade de graus 3-4 mais comum (39,2% e 52,6%). A população com eficácia avaliável incluiu pacientes tratados com a dose recomendada de fase 2 (LF, n = 49; LDGCB, n = 48). As taxas de RC no final da indução foram de 59,2% (LF) e 31,3% (LDGCB); a sobrevida livre de progressão mediana foi de 22,8 meses (intervalo de confiança [IC] de 95%, 14,5 – não avaliável) e 4,6 meses (IC 95%, 3,6–8,1), respectivamente.
Os autores concluem que polatuzumabe vedotina associado à venetoclax e obinutuzumabe/rituximabe é um protocolo com segurança aceitável em pacientes com LF ou LDGCB R/R, com taxas de resposta promissoras principalmente em LF R/R, incluindo pacientes de alto risco. Estudos maiores, randomizados, de fase 3, deverão ainda ser realizados para melhor entendimento sobre os resultados do protocolo apresentado.
Referência:
1) Yuen, S., Phillips, T. J., Bannerji, R., Marlton, P., Gritti, G., Seymour, J. F., Johnston, A., Arthur, C., Dodero, A., Sharma, S., Hirata, J., Musick, L., & Flowers, C. R. (2024). Polatuzumab vedotin, venetoclax, and an anti-CD20 monoclonal antibody in relapsed/refractory B-cell non-Hodgkin lymphoma. American journal of hematology, 99(7), 1281–1289. https://doi.org/10.1002/ajh.27341