EHA® 2025 – Papel do transplante no pós-imunoterapia para LHC

Transplante pós-checkpoint melhora sobrevida em pacientes recidivados.
Diretamente do EHA 2025, a Dra. Natália Zing, onco-hematologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, destacou os resultados de um estudo retrospectivo multicêntrico italiano que avaliou o impacto do transplante hematopoético como consolidação em pacientes com linfoma de Hodgkin clássico (LHC) recidivado ou refratário tratados com inibidores de checkpoint.
O estudo incluiu 126 pacientes, acompanhados entre 2016 e 2023, todos com histórico de recidiva ou refratariedade após quimioterapia convencional (como ABVD e BEACOPP) e tratados com pembrolizumabe ou nivolumabe. Dentre esses, a maioria já havia recebido transplante autólogo previamente, o que reforça o caráter refratário da coorte.
A taxa de resposta global aos inibidores de checkpoint foi expressiva, alcançando 90%, com resposta completa em 60% dos casos — números relevantes considerando a complexidade do perfil desses pacientes. O tempo médio para atingir resposta foi de 2 meses, com respostas mais profundas observadas a partir de 3,5 meses.
Em termos de consolidação, os pacientes foram divididos em três grupos:
- 1/3 submetido a transplante autólogo,
- 1/3 submetido a transplante alogênico,
- 1/3 sem consolidação (por progressão, decisão clínica ou indisponibilidade de doadores).
Os desfechos favorecem nitidamente os pacientes que realizaram transplante. A sobrevida livre de progressão (PFS) em 48 meses foi de 80% nos grupos com consolidação, com sobrevida global (OS) acima de 90%, especialmente entre os que receberam transplante autólogo. Em contraste, no grupo sem consolidação, a PFS caiu para 24%, com prognóstico ainda mais reservado naqueles que não alcançaram resposta completa à imunoterapia.
Entretanto, o transplante alogênico apresentou uma taxa de mortalidade relacionada ao procedimento de 20%, revelando um risco considerável, especialmente para pacientes mais fragilizados.
Esses achados reforçam a importância de estratégias individualizadas de consolidação em pacientes com LHC recidivado/refratário, principalmente após resposta à imunoterapia. Quando viável, o transplante autólogo surge como opção de melhor perfil de risco-benefício, enquanto o transplante alogênico deve ser reservado a casos cuidadosamente selecionados.
Referências:
Frustraci AM, Seymour JF, Cheah CY, et al. UPDATED EFFICACY & SAFETY OF THE BRUTON TYROSINE KINASE (BTK) DEGRADER BGB-16673 IN PATIENTS WITH RELAPSED/REFRACTORY WALDENSTRÖM MACROGLOBULINEMIA (WM): ONGOING PHASE (PH) 1 CADANCE-101 STUDY RESULTS. Presented at: European Hematology Association Congress 2025; June 13–16, 2025; Milan, Italy. Abstract S231