Eficácia e segurança de pegcetacoplan em pacientes com hemoglobinúria paroxística noturna: análise integrada de até 3 anos

Inibição proximal do complemento mantém controle hemolítico sustentado e reduz necessidade transfusional em pacientes com HPN, mesmo após exposição prévia a inibidores de C5
Escrito por: Germano Glauber de Medeiros Lima
A hemoglobinúria paroxística noturna (HPN) é uma doença hematológica rara e potencialmente fatal, caracterizada por hemólise complemento-mediada e trombose. Inibidores terminais do complemento, como o eculizumab, revolucionaram o tratamento, mas estão associados a hemólise extravascular residual, anemia persistente e dependência transfusional. O pegcetacoplan, primeiro inibidor de C3 e C3b aprovado para HPN, atua proximalmente na cascata do complemento, abordando tanto a hemólise intravascular quanto a extravascular.
Estudos de fase 3 (PEGASUS e PRINCE) demonstraram a superioridade do pegcetacoplan em comparação com eculizumab ou cuidados de suporte em pacientes com HPN. No entanto, dados de longo prazo são essenciais para confirmar a manutenção da eficácia e o perfil de segurança. Este estudo teve como objetivo avaliar a eficácia e a segurança do pegcetacoplan em adultos com HPN por até 3 anos, por meio de uma análise integrada dos estudos PEGASUS, PRINCE e de sua extensão aberta (307 OLE).
Esta análise integrada incluiu 133 pacientes dos estudos PEGASUS (C5-inibidor-experientes) e PRINCE (C5-inibidor-não-experientes) que receberam pelo menos uma dose de pegcetacoplan. Os desfechos de eficácia – hemoglobina, lactato desidrogenase (LDH), contagem absoluta de reticulócitos (CAR), bilirrubina indireta e escores FACIT-Fadiga – foram avaliados desde o início do tratamento até 156 semanas (PEGASUS) ou 132 semanas (PRINCE). A segurança foi monitorada durante a monoterapia com pegcetacoplan, incluindo eventos adversos, evitamento de transfusão e hemólise do tipo breakthrough. Análises estatísticas descritivas e de sobrevivência (Kaplan-Meier) foram utilizadas.
Resultados/Discussão:
O pegcetacoplan promoveu melhorias rápidas e sustentadas em todos os parâmetros hematológicos e de qualidade de vida. As concentrações médias de hemoglobina aumentaram e se mantiveram próximas ao limite inferior do normal, enquanto LDH, CAR e bilirrubina indireta normalizaram-se e permaneceram dentro dos limites de normalidade por até 3 anos. As taxas anuais de evitamento de transfusão variaram entre 71,2% e 86,4%. Os escores de fadiga (FACIT-Fatigue) melhoraram significativamente, aproximando-se da norma da população geral.
O perfil de segurança mostrou-se consistente com relatos anteriores, sem novos sinais de alerta. Eventos adversos graves relacionados ao tratamento ocorreram em apenas 4,5% dos pacientes. Reações no local de injeção foram geralmente leves e diminuíram com o tempo. Hemólise do tipo breakthrough clinicamente significativa foi observada em 28% dos pacientes, mas a maioria dos eventos foi isolada e manejável sem descontinuação do tratamento. Não houve casos de meningite por bactérias encapsuladas, e eventos trombóticos foram raros (2,3%) e considerados não relacionados ao fármaco.
Pegcetacoplan demonstrou eficácia sustentada por até 3 anos em pacientes com HPN, com ou tratamento prévio com inibidores de C5, com melhora significativa nos parâmetros hematológicos, redução da dependência transfusional e alívio da fadiga. O perfil de segurança foi favorável e consistente, sem novas preocupações identificadas. Esses resultados consolidam o pegcetacoplan como uma opção terapêutica eficaz e segura para o manejo a longo prazo da HPN.
Referência:
1) de Castro C, Kelly RJ, Griffin M, et al. Efficacy and Safety Maintained up to 3 Years in Adults with Paroxysmal Nocturnal Hemoglobinuria Receiving Pegcetacoplan. Adv Ther. 2025;42(9):4641-4658. doi:10.1007/s12325-025-03310-8