Eficácia e segurança a longo prazo de danicopan como terapia adicional ao ravulizumabe ou eculizumabe em pacientes com HPN e hemólise extravascular significativa
Danicopan demonstra benefícios sustentados no controle da hemólise extravascular em pacientes com HPN
Escrito por: Germano Glauber de Medeiros Lima
A hemoglobinúria paroxística noturna (HPN) é uma doença rara caracterizada por hemólise intravascular, com risco de trombose e insuficiência orgânica. Embora os inibidores do complemento (ravulizumabe e eculizumabe) tenham revolucionado o tratamento, alguns pacientes desenvolvem hemólise extravascular significativa (EVH), necessitando de terapias complementares.
Danicopan, um inibidor oral da via alternativa do complemento, surge como uma opção promissora para controlar a EVH em HPN. Este estudo avaliou sua eficácia e segurança a longo prazo como terapia adjuvante a ravulizumabe ou eculizumabe. Os objetivos foram analisar a sustentabilidade da resposta hematológica, a redução da necessidade de transfusões e o perfil de segurança prolongado.
O estudo foi um ensaio clínico de fase 3, aberto e multicêntrico, que incluiu pacientes com HPN e EVH significativa, definida por níveis elevados de bilirrubina indireta e necessidade de transfusões. Os participantes receberam danicopan (150 mg, três vezes ao dia) como adjuvante a ravulizumabe ou eculizumabe por até 48 semanas. Os desfechos primários foram a estabilização da hemoglobina (≥12 g/dL sem transfusões) e a segurança. Foram avaliados parâmetros hematológicos, marcadores de hemólise e eventos adversos (EA).
Os resultados demonstraram que danicopan manteve níveis estáveis de hemoglobina em 78% dos pacientes, com redução significativa da necessidade de transfusões (85% permaneceram livres de transfusões após 24 semanas). Além disso, houve melhora nos marcadores de hemólise, como diminuição da bilirrubina indireta e da lactato desidrogenase (LDH). O perfil de segurança foi favorável, com EA leves a moderados (cefaleia e náusea sendo os mais frequentes) e nenhum caso de meningite ou trombose relacionada ao tratamento.
A discussão destaca que a adição de danicopan à terapia padrão com anti-C5 pode preencher uma lacuna no manejo da EVH em HPN, oferecendo benefícios hematológicos sustentados sem comprometer a segurança. A persistência da eficácia ao longo de 48 semanas reforça seu potencial como terapia de longo prazo. Comparações com estudos anteriores sugerem que a inibição da via alternativa complementar é uma estratégia viável para pacientes com resposta subótima aos inibidores de C5.
Os autores concluem quem Danicopan mostrou-se eficaz e seguro como terapia adjuvante a ravulizumabe ou eculizumabe em pacientes com HPN e EVH significativa, proporcionando melhora hematológica sustentada e redução da dependência transfusional. Esses resultados apoiam seu uso contínuo no manejo da doença, embora estudos adicionais sejam necessários para avaliar impactos em períodos ainda mais prolongados.
Referência:
1) Kulasekararaj A, Griffin M, Piatek C, et al. Long-term efficacy and safety of danicopan as add-on therapy to ravulizumab or eculizumab in PNH with significant EVH. Blood. 2025;145(8):811-822. doi:10.1182/blood.2024026299