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Comparação indireta ancorada entre pegcetacoplan e iptacopan em pacientes com Hemoglobinúria Paroxística Noturna Previamente tratados com Inibidores de C5

Análise robusta demonstra eficácia comparável entre os dois inibidores proximais do complemento, sem diferenças significativas em desfechos hematológicos e de qualidade de vida

Escrito por: Germano Glauber de Medeiros Lima

A Hemoglobinúria Paroxística Noturna (HPN) é uma doença hematológica rara e adquirida, caracterizada por ativação desregulada do sistema complemento, resultando em hemólise intravascular e extravascular, risco trombótico e sintomas debilitantes. O tratamento padrão com inibidores do componente 5 do complemento (C5i), como eculizumabe e ravulizumabe, controla a hemólise intravascular, mas uma parcela significativa dos pacientes mantém anemia e necessita de transfusões devido à hemólise extravascular mediada por C3. Recentemente, duas terapias proximais – pegcetacoplan (inibidor de C3) e iptacopan (inibidor de fator B) – foram aprovadas para o tratamento da HPN, oferecendo controle complementar mais amplo.

A ausência de estudos comparativos diretos entre essas novas terapias motiva a realização de comparações indiretas para orientar decisões clínicas. Este estudo teve como objetivo realizar uma comparação indireta ancorada (CIA) entre pegcetacoplan e iptacopan, utilizando dados de ensaios clínicos pivotais, para avaliar sua eficácia relativa em pacientes com HPN previamente tratados com C5i.

Metodologia

Foram utilizados dados individuais do estudo PEGASUS (NCT03500549), que comparou pegcetacoplan com eculizumabe ao longo de 16 semanas, e dados publicados do estudo APPLY-PNH (NCT04558918), que comparou iptacopan com C5i (eculizumabe ou ravulizumabe) por 24 semanas. Devido a diferenças nos desfechos primários e na duração dos estudos, a análise focou em medidas secundárias contínuas: hemoglobina (Hb), contagem absoluta de reticulócitos (CAR), lactato desidrogenase (LDH) e escore de fadiga pelo questionário FACIT-Fatigue. A comparação indireta ancorada foi realizada pelo método de Bucher, aproveitando o braço comum de C5i em ambos os estudos, com validade assegurada pela similaridade entre eculizumabe e ravulizumabe. Uma análise de sensibilidade por Simulated Treatment Comparison (STC) foi conduzida para confirmar a robustez dos resultados.

Resultados/Discussão

A análise não revelou diferenças estatisticamente significativas entre pegcetacoplan e iptacopan em nenhum dos desfechos avaliados. As diferenças médias [IC 95%] para pegcetacoplan versus iptacopan foram: Hb: -0,49 g/dL [-1,78; 0,80]; CAR: -34,41 × 10⁹/L [-90,02; 21,21]; LDH: -115,16 U/L [-244,40; 14,01]; e FACIT-Fatigue: 3,57 [-5,60; 12,73]. A análise de sensibilidade por STC corroborou esses achados, indicando consistência metodológica. Esses resultados sugerem que ambas as terapias proximais oferecem benefícios clínicos similares em termos de melhoria hematológica e sintomática em pacientes com HPN insuficientemente controlados por C5i.

Apesar das limitações inerentes à comparação indireta – como diferenças nos desenhos dos estudos, duração do acompanhamento e critérios de desfecho –, a utilização de uma abordagem ancorada fortalece a validade interna da análise. Não foi possível comparar eventos de hemólise breakthrough devido a definições discrepantes entre os protocolos. Além da eficácia comparável, aspectos como experiência clínica de longo prazo, segurança, via de administração e preferências do paciente devem ser considerados na escolha terapêutica. Pegcetacoplan conta com mais dados de vida real e seguimento prolongado, enquanto iptacopan representa uma opção oral recente.

Conclusão

Este estudo demonstra que pegcetacoplan e iptacopan apresentam eficácia comparável em pacientes com HPN previamente tratados com inibidores de C5, sem diferenças significativas nos parâmetros hematológicos e de qualidade de vida avaliados. Na ausência de distinções clínicas robustas, a decisão terapêutica deve considerar fatores individuais do paciente, perfil de segurança, via de administração e experiência clínica acumulada com cada agente.

Referência: 

1) de Latour RP, Kulasekararaj A, Dingli D, et al. Anchored Indirect Treatment Comparison Finds Comparable Effects of Pegcetacoplan and Iptacopan in Paroxysmal Nocturnal Haemoglobinuria. Eur J Haematol. 2025;115(2):125-133. doi:10.1111/ejh.14422

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