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Acalabrutinib em combinação com Bendamustina-Rituximab para linfoma de células do manto não tratado

Estudo ECHO mostra melhoria significativa na sobrevida livre de progressão

Escrito por: Germano Glauber de Medeiros Lima

O linfoma de células do manto (LCM) é um subtipo agressivo de linfoma não-Hodgkin de células B, com prognóstico desafiador, especialmente em pacientes idosos. O tratamento padrão para pacientes não elegíveis para transplante de células-tronco hematopoiéticas inclui, entre outros protocolos, a terapia com bendamustina-rituximab (BR), mas a busca por tratamentos mais eficazes e seguros permanece. Os inibidores da tirosina quinase de Bruton (BTKi), como o ibrutinibe, mostraram benefícios, porém com toxicidade significativa. O acalabrutinib, um BTKi de segunda geração, apresenta maior especificidade e menor toxicidade, tornando-o um candidato promissor para combinações terapêuticas.

O estudo ECHO teve como objetivo avaliar a eficácia e segurança do acalabrutinib em combinação com BR como terapia de primeira linha para pacientes idosos com LCM não tratado. Os objetivos principais foram comparar a sobrevida livre de progressão (SLP) entre os grupos e analisar a toxicidade associada ao regime combinado.

Metodologia
Este foi um estudo randomizado, duplo-cego, controlado por placebo, envolvendo 598 pacientes com 65 anos ou mais, diagnosticados com LCM não tratado. Os participantes foram aleatoriamente designados para receber acalabrutinib (100 mg duas vezes ao dia) ou placebo, combinados com seis ciclos de BR, seguidos por manutenção com rituximab por até dois anos. O desfecho primário foi a SLP, avaliada por um comitê independente, enquanto os desfechos secundários incluíram taxa de resposta global, sobrevida global (SG) e perfil de segurança. Análises estatísticas utilizaram o método de Kaplan-Meier e modelos de regressão de Cox estratificados.

Resultados/Discussão:
Após um acompanhamento mediano de 49,8 meses, a SLP foi significativamente maior no grupo acalabrutinib (66,4 meses) em comparação ao placebo (49,6 meses), com um hazard ratio (HR) de 0,73 (IC 95%: 0,57–0,94; p = 0,016). A taxa de resposta completa foi de 66,6% no grupo acalabrutinib versus 53,5% no placebo. Não houve diferença significativa na SG (HR = 0,86; p = 0,27), possivelmente devido ao crossover de pacientes do grupo placebo para acalabrutinib após progressão. A toxicidade foi semelhante entre os grupos, com eventos graves (grau ≥3) ocorrendo em 88,9% e 88,2% dos pacientes, respectivamente.

Os resultados destacam que o acalabrutinib em combinação com BR oferece benefício clínico significativo, prolongando a SLP sem aumentar substancialmente a toxicidade. A ausência de melhoria na SG pode refletir a eficácia de terapias subsequentes, como o uso de BTKi após progressão. Comparado ao ibrutinibe, o acalabrutinib mostrou um perfil de segurança mais favorável, reforçando seu potencial como opção terapêutica para pacientes idosos.

Conclusão
O estudo ECHO demonstrou que a adição de acalabrutinib ao regime BR melhora significativamente a SLP em pacientes idosos com LCM não tratado, com toxicidade gerenciável. Esses resultados sustentam a incorporação do acalabrutinib como parte do tratamento de primeira linha para essa população, oferecendo um equilíbrio entre eficácia e segurança. Pesquisas futuras devem explorar estratégias para otimizar a duração do tratamento e identificar subgrupos que possam se beneficiar de terapias livres de quimioterapia.

Referência: 

1) Wang M, Salek D, Belada D, et al. Acalabrutinib Plus Bendamustine-Rituximab in Untreated Mantle Cell Lymphoma. J Clin Oncol. 2025;43(20):2276-2284. doi:10.1200/JCO-25-00690

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