EHA® 2025 – Neutrófilos tipo II e risco de trombose na HPN

Estudo francês de 5 anos destaca papel prognóstico de clones ≥3%

Durante o EHA 2025, o Dr. Ricardo Helman, hematologista do Hospital Israelita Albert Einstein, destacou um dos principais achados apresentados em sessão oral sobre hemoglobinúria paroxística noturna (HPN), uma doença clonal rara de células-tronco hematopoéticas marcada por lise intravascular crônica e risco elevado de trombose.

O estudo comentado é um levantamento prospectivo e multicêntrico francês com seguimento de 5 anos, que investigou a associação entre o percentual de HPN tipo II em neutrófilos e a ocorrência de eventos trombóticos em pacientes com clone ≥1%. A análise evidenciou que pacientes com porcentagem relativa ≥3% de neutrófilos tipo II apresentaram uma incidência significativamente maior de trombose, em comparação àqueles com percentuais inferiores, mesmo dentro da faixa de clone positivo (>1%).

Esses dados têm impacto direto sobre a estratificação de risco em HPN. Até então, não havia evidência robusta que correlacionasse o tamanho do clone em neutrófilos com risco trombótico, principalmente na faixa intermediária (entre 1% e 3%). A demonstração de que a expansão do clone em neutrófilos tipo II é um marcador independente de risco reposiciona a vigilância e pode antecipar decisões terapêuticas, como o início precoce de tratamento com inibidores da via do complemento — especialmente em pacientes ainda assintomáticos, mas com clone em expansão.

O estudo reforça a necessidade de um monitoramento imunofenotípico detalhado e periódico, não apenas em células vermelhas ou monócitos, mas também nos neutrófilos, que tradicionalmente eram menos valorizados na prática clínica. Diante do impacto prognóstico dessas novas evidências, o início mais precoce de terapias pode ser uma estratégia para prevenir complicações trombóticas potencialmente fatais e preservar a sobrevida desses pacientes.